7 de março de 2022
No dia 8 de março, terça-feira, mulheres de todo o mundo irão às ruas por direitos. No Brasil, o Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras terá como tema “Pela Vida das Mulheres - Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, racismo e fome!”. Atos por todo o país estão programados para marcar a data nesta terça, mas também durante todo o mês. Em algumas cidades, a programação terá início nesse sábado (4).
“Companheiras, me ajudem, que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com vocês, ando melhor”. A letra, palavra de ordem usada em vários protestos dos movimentos de mulheres, resume um pouco a construção do 8 de março de 2022, segundo Zuleide Queiroz, 2ª vice-presidenta do ANDES-SN.
“Os últimos tempos, com a pandemia, a vida das mulheres só piorou. Foi mais violência doméstica, morte, desemprego, morte dos seus filhos negros periféricos. Somos mais encarceradas, mais moradoras de rua. Engrossando as fileiras das migrações. Nossas lbtqia+ morreram mais. Por tudo isso, ajudamos a construir o “Fora Bolsonaro e sua política da morte”, no último período. Construímos o novembro negro pra dizer que "enquanto houver racismo, não haverá democracia". Neste sentido, nosso lema tenta dar conta de toda esta construção”, explica a diretora do Sindicato Nacional.
O ANDES-SN, em conjunto com mais de 40 movimentos, assina o manifesto da "Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais". Nele, as entidades denunciam a exploração do sistema capitalista, machista e misógino sobre as mulheres negras, indígenas, quilombolas, LBTs, jovens, idosas e com deficiência (PcDs), nos campos, nas águas, florestas e cidades. E ressaltam a resistência histórica das mulheres contra as opressões.
O documento pontua que o sistema político e econômico faz uso da exploração da força de trabalho das mulheres e dos seus corpos para se sustentar. Ressalta que as mulheres são fundamentais para manter a estrutura de reprodução social, através do trabalho doméstico e de cuidados, bem como para aquele considerado produtivo. Ainda assim, representam 70% da população mais pobre do mundo.
Rememorando a mobilização histórica das mulheres revolucionárias russas em 8 de março de 1917, o movimento reforça que se colocará "no enfrentamento a todas as formas de violência que vivemos hoje em nosso país".
Em chamado às seções sindicais, a diretoria do ANDES-SN ressaltou a importância da categoria se engajar na organização e participação dos protestos durante o mês de março, tanto para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras quanto para exigir justiça para Marielle Franco, assassinada há quatro anos, em 14 de março de 2018. Protestos também estão previstos nessa data para cobrar das autoridades respostas para as perguntas “Quem mandou matar Marielle? E por quê?”.
“Nossa tarefa no momento é desencadear, no âmbito dos estados e do distrito federal, nossa participação na construção de potentes eventos para denunciar as condições de vida, trabalho, saúde, moradia, educação e exigir políticas públicas que garantam o direito à vida das mulheres”, afirma a diretoria do Sindicato Nacional.
“Em 2022, seremos o segundo agrupamento a ir pras ruas, depois das manifestações denunciando a morte de Moïses, do povo negro! Bora espalhar nossa programação do 8 de Março no Brasil! Entendendo que a luta das mulheres é internacional! Esta organização é fruto de uma construção coletiva potente!”, acrescenta Zuleide Queiroz.
O manifesto da "Articulação Nacional de Mulheres Bolsonaro Nunca Mais" ressalta que a luta pela derrubada de Jair Bolsonaro do poder é necessariamente feminista, anti-imperialista, anticapitalista, democrática, antirracista e anti-LGBTQIA+fóbica. “É uma luta em defesa da vida das mulheres, contra a fome, a carestia, a violência, pela saúde, pelos nossos direitos sexuais, direitos reprodutivos e pela justiça reprodutiva. É uma luta em defesa do SUS e dos serviços públicos, gratuitos e de qualidade. É uma luta com a maioria que tem sofrido com a fome, com a perda de seus entes queridos, com a violência e com o desemprego”, destacam as entidades signatárias.
“Reafirmamos o feminismo como caminho para a auto-organização das mulheres, em aliança com os movimentos sociais, na resistência e construção de uma sociedade justa e igualitária. Somos milhões e de todos os cantos deste país! Nós nunca saímos das ruas contra Bolsonaro e nelas continuaremos em defesa das nossas vidas. Por isso gritamos: Bolsonaro nunca mais!”, conclamam. Confira aqui a íntegra do Manifesto.
Fonte: Andes-SN
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