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FNL inicia Marcha pela Reforma Agrária em São Paulo

11 de novembro de 2021

Teve início na manhã dessa quarta-feira (10) a Marcha pela Reforma Agrária, Trabalho, Moradia e Educação. Organizada pela Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FLN), a passeata levará centenas de manifestantes da cidade de Sorocaba, interior de São Paulo, até a capital paulista.


Os manifestantes reivindicam terra, trabalho, moradia e educação, por meio da ocupação de terras que já foram reconhecidas como públicas pela Justiça. O segue pela rodovia Castelo Branco com previsão de chegada à cidade de São Paulo no domingo (14).


Durante o trajeto e após o término da caminhada, ocorrerão atividades políticas e culturais para chamar atenção da população sobre a importância de trazer de volta à pauta a luta pela reforma agrária. O tema ganhou ainda mais importância devido à grave crise econômica e social enfrentada por brasileiros e brasileiras.


Com alto índice de desemprego, inflação e mais de 14 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema, os direitos essenciais à terra, à moradia e ao trabalho são sinônimos de dignidade para a população.




Pior com Bolsonaro Um dos objetivos da Marcha é denunciar, ainda, a completa paralisação das ações da reforma agrária, que já vinha de governos anteriores e piorou desde o início do governo de Jair Bolsonaro. Desde 2019, nenhum processo de desapropriação de terras ocorreu. Ao todo são 458 processos paralisados. Os créditos para assentamentos também sofreram graves cortes, o que deixou milhares de famílias assentadas no Brasil em grande dificuldade. Além disso, o governo federal segue promovendo o sucateamento e desmonte de órgãos fiscalizadores como Incra, Ibama e Funai. Além disso, no mês de outubro o país registrou a maior alta inflacionária para o mês em 19 anos. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, ficou em 1,25% no mês passado. No acumulado dos últimos doze meses, ficou em 10,67%. A última vez que o índice passou dos 10% foi em janeiro de 2016, quando foi registrada inflação acumulada em doze meses de 10,71%.


Já o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação para famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos, acumula aumento de 11,08% em doze meses. Outubro também registrou a maior alta desse índice desde 2002, com crescimento de 1,16%. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nessa quarta (10) e abrange famílias com renda de 1 a 40 salários mínimos. “A inflação exagerou. O gás tá custando R$ 110. Gasolina mais de R$ 7. Carne não tem mais como comer. A bandeja do ovo custa R$ 16. Antes dava para fazer quatro refeições por dia, hoje, tem gente quem almoça e janta, mas não tem como tomar café. Ou então, almoça, mas não janta”, relatou Diansis Rodolfo, trabalhador rural e morador em Presidente Bernardes (SP). “A verdade é que nós, trabalhadores estamos em grande dificuldade”, resumiu Rodolfo, que está integrando a Marcha pela Reforma Agrária, organizada pela FNL. A trabalhadora rural Diolinda Alves de Souza, de Teodoro Sampaio (SP), definiu que o povo brasileiro vive “duas epidemias ao mesmo tempo”. “O povo tá morrendo de doença e fome. Além da pandemia, em que vimos a irresponsabilidade desse governo genocida, agora vem a inflação, em que o pobre não está conseguindo comer, trabalhando ou não”, opinou. “Só vejo uma saída: é a gente começar a se manifestar, ocupar as praças e ruas para reivindicar o direito sagrado de ter uma alimentação digna e para exigir a saída desse governo. Fora Bolsonaro”, concluiu.


Lutar não é crime As entidades que compõe a Marcha pela Reforma Agrária, incluindo a CSP-Conlutas, aprovaram, no último mês, uma moção de repúdio ao processo criminal contra Claudemir e Zé Rainha, coordenadores da FNL, que tramita na justiça. O caso reflete o momento de criminalização das lutas sociais em todo o Brasil, além da perseguição a todos e todas que se levantam contra as desigualdades no país.


No último final de semana, a Reunião da Coordenação Nacional, que contou com mais de 300 lideranças sindicais e populares de todo o país, deu destaque à necessidade do fortalecimento da Marcha. Fonte: CSP-Conlutas, com edição do ANDES-SN

Fotos: FNL

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