Em menos de um ano, os indígenas Guarani Kaiowá da região de Kunumi Verá, em Caarapó (MS), enfrentaram a perda de duas de suas sagradas casas de reza, chamadas Oga Pissy. Os incêndios, que destruíram esses espaços essenciais, ocorreram sem que a comunidade conseguisse conter as chamas. O mais recente incidente, em fevereiro de 2024, envolveu uma casa que havia sido cuidadosamente construída por doze membros da comunidade e que ainda não foi reconstruída. Para os Guarani Kaiowá, essas casas são vitais não apenas para práticas espirituais, mas também como centros de organização social e política.
Entre 2019 e 2023, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) registrou a destruição de pelo menos 13 dessas casas em várias Terras Indígenas e territórios retomados em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. De acordo com Matias Benno Rempel, pesquisador do Cimi, esses espaços são cruciais para reuniões comunitárias, debates e decisões políticas. A destruição dessas casas muitas vezes é motivada pela identificação desses locais como centros de resistência e organização dos povos indígenas.
O Mato Grosso do Sul é o estado mais afetado, com nove das 13 destruições registradas. Os Guarani Kaiowá, que estão lutando para recuperar terras ancestrais dominadas por fazendeiros, enfrentam um cenário de violência contínua. A destruição das casas de reza não é apenas um ataque patrimonial, mas um ataque direto à cultura e à esperança do povo Guarani Kaiowá. Esses espaços, além de seu valor espiritual, são fundamentais para a coesão social e política da comunidade, e sua perda representa uma grave ameaça à preservação de sua identidade cultural.
Fonte: Brasil de Fato
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