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Nova portaria escancara precariedades orçamentárias e estruturais da Unipampa



A portaria publicada no último dia 19 de julho pela Reitoria da Unipampa volta a autorizar, entre os dias 22 do mês corrente e o dia 21 de agosto, “em caráter emergencial, devido às condições de climatização no ambiente de trabalho, orçamentárias e financeiras da Universidade Federal do Pampa, a modalidade de trabalho de home office” na instituição, estratégia já adotada em semestres anteriores e que escancara as condições precárias – tanto no que diz respeito ao orçamento como à situação estrutural das suas unidades e edifícios, em diferentes cidades. No dia seguinte, nova portaria antecipa o retorno da presencialidade obrigatória para o dia 19 de agosto.


No primeiro documento mencionado, pode-se ler que “o caráter emergencial que origina a presente portaria se refere às limitações orçamentárias e financeiras da Universidade Federal do Pampa, bem como questões de fragilidade de infraestrutura relativas à climatização; a Instituição ainda está em momento extremamente crítico no que diz respeito ao seu orçamento”. Segundo a Reitoria, mesmo com a suplementação orçamentária realizada pelo governo federal em 2023, os impactos causados por cortes e bloqueios ao longo dos últimos anos impedem a estabilização das contas da Unipampa. A saída paliativa – ao menos durante o inverno – reaparece com a autorização ou a sugestão do home office para estudantes e trabalhadores.


Para Juliana Machado, docente da Unipampa e integrante da diretoria da Sesunipampa, “a estratégia adotada pela Reitoria, que já aconteceu entre os semestres 2022/2 e 2023/1, acaba sendo uma maneira de minimizar a atenção para as questões estruturais dos campi, sob o argumento da economicidade. Mais uma vez os trabalhadores são chamados a realizar o seu trabalho sem condições oferecidas institucionalmente”.


As mencionadas questões estruturais mostram-se de forma distinta quando se observa uma e outra unidade da instituição. Há falências maiores e mais explícitas em certos locais, principalmente nos municípios menores, com urgências na estrutura física dos edifícios que dificultam o funcionamento mínimo das práticas cotidianas na universidade. “Há uma distribuição interna do orçamento que prejudica os campi menores, e distribui recursos ínfimos para sua manutenção, como é o caso do campus Jaguarão, onde atuo. Aqui, se trata de uma questão de gestão do orçamento institucional. Além do mais, o orçamento precário dos últimos anos inviabilizou as ações de manutenção que são cotidianas e, mesmo com a suplementação orçamentária, é notório que os prejuízos são muitos”.


Em Jaguarão, foram registrados numerosos problemas de energia elétrica ao longo dos últimos meses, situações que, mais de uma vez, resultaram na suspensão das aulas e de outras atividades curriculares. As falhas na rede elétrica também prejudicam a iluminação noturna ao redor do campus, comprometendo a segurança de quaisquer atividades no turno da noite. Também em Jaguarão, e desta vez com um problema que pertence de forma direta à alçada da Unipampa, foram e são percebidas goteiras e infiltrações severas nas dependências do campus. Cabe ressaltar que edifícios como a da unidade de Jaguarão são construções novas, com pouco mais de dez anos de uso, e que já exibem nítidos problemas estruturais.


Relatos semelhantes chegam do campus de Caçapava do Sul. Jordana Leme da Costa, estudante do curso de Geologia da Unipampa, relata que “quanto à estrutura, o campus [de Caçapava] vem sofrendo com as alterações climáticas. Neste semestre, muitos TCC’s agendados para serem apresentados no auditório do campus foram realocados para outras salas, o que gerou descontentamento entre os estudantes. O auditório estava alagado por conta das chuvas, e isso é um problema que assisto acontecer desde 2018, quando ingressei no campus”.


“Ainda vejo que o campus sofre com problemas de umidade, as escadas ficam tão úmidas que é perigoso para todos que circulam por lá. O restaurante universitário também sofre com os mesmos problemas, e no ano passado também sofremos com a falta de alimentos que as empresas não mandavam para o campus, de forma que muitas cozinheiras traziam alimentos da própria casa para servir a discentes”, prossegue a estudante de Geologia.


Há também, segundo informações do estudante Tiago Sperluk, do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, infiltrações no hall principal do campus de Caçapava do Sul, com goteiras que impedem a livre circulação e a permanência no local.


O panorama do campus de Dom Pedrito não se apresenta como exceção: no Prédio Acadêmico II, um edifício novo e entregue à comunidade acadêmica após o retorno da presencialidade na instituição, há goteiras em salas de aulas - e que não receberam consertos que solucionaram em definitivo a questão. Em São Gabriel, por sua vez, o Laboratório Interdisciplinar de Ciências Ambientais (LICA) foi outra sala a sofrer recenemente com inundações.


Problemas e falências reiterados que o retorno temporário do home office estará muito longe de solucionar - e que também demonstram a gravidade da situação orçamentária da instituição. É necessário voltar a recordar - como a Sesunipampa vem fazendo recorrentemente - que a recomposição do orçamento proposta no ano corrente não supre mais do que a metade do que foi perdido por universidades como a Unipampa ao longo dos últimos anos de cortes, bloqueios e ataques deliberados à educação pública brasileira.





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