Nas semanas que antecedem uma das mais importantes eleições presidenciais da história do país, as instituições de ensino superior tornam a ser alvo de ataques sistemáticos por parte da extrema direita. O Deputado Federal Bibo Nunes, do PL, partido do presidente e candidato Jair Bolsonaro, fez uso de redes sociais para deslegitimar a organização estudantil que se contrapôs aos cortes orçamentários em suas instituições de ensino, chamando os estudantes de "vagabundos" e sugerindo que fossem "queimados vivos". O caso teve ampla repercussão e as universidades citadas pelo parlamentar, UFSM e UFPel, receberam a solidariedade de diversas seções sindicais, IES e sociedade civil.
Contudo, este não foi um fato isolado. No domingo, 23 de outubro de 2022, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB), cumprindo prisão domiciliar, agrediu a Polícia Federal com tiros e granadas. Na ocasião, a PF cumpria mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Dois agentes ficaram feridos e Jefferson foi indiciado por tentativa de homicídio.
Um dia antes, o ex-parlamentar havia desferido ofensas misóginas, machistas e sexualizadas, à ministra Cármen Lúcia, do STF. Uma postura absolutamente de acordo com o modo como se colocam o presidente e seus apoiadores, haja vista a fala de Jair Bolsonaro, sobre meninas venezuelanas “arrumadinhas” para “ganhar a vida”, com relação às quais teria “pintado um clima” em uma das tantas motociatas que o presidente fez para sua autopromoção como figura pública.
Toda essa carga de violências físicas e simbólicas surge em um período muito próximo ao segundo turno das eleições presidenciais, sob um argumento comum: a liberdade de expressão. Bolsonaristas, a exemplo de como caminham setores antidemocráticos, defendem o individualismo exacerbado, de vertente neoliberal, que alarga a liberdade individual a ponto de anular possibilidades de igualdade política. Daí o distanciamento abissal entre propostas e planejamentos de Estado e os princípios de justiça social. Na prática, isso se reverte em cortes no orçamento das universidades e institutos federais, possibilidade de congelamento de salário mínimo e da aposentadoria, retirada de direitos de servidores públicos e tantas outras ações amplamente propagadas pelo poder executivo. É deste modo que agem aqueles e aquelas que não admitem mudanças na estrutura social. A diversidade cultural, a popularização das redes de ciência e tecnologia, o acesso e a permanência ao ensino superior por parte da classe trabalhadora e o protagonismo de reivindicar direitos sociais são processos que desestabilizam grupos conservadores. E desestabilizam por serem processos que somente podem ser construídos em bases democráticas.
No dia em que Roberto Jefferson é indiciado por tentativa de homicídio, resultado do projeto de ataque à democracia brasileira que estamos vivendo, ocorreu na cidade de Bagé, um ato de rua para defender aquele tipo de liberdade neoliberal. Ato protagonizado por apoiadores do governo Bolsonaro. Neste momento delicado que vivemos, repudiamos quaisquer posições ambíguas e/ou participação em atos anti democráticos e de apoio a este governo perverso por parte de pessoas que ocupam as fileiras da universidade, inclusive na gestão superior, mesmo que divulgados em redes sociais, pois não deixam de ser posicionamentos públicos.
Rejeitamos todo e qualquer ataque às liberdades democráticas. Não é possível corroborar com posturas de conivência com atos criminosos, incitação da violência e retirada de direitos da classe trabalhadora.
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